Quem somos?
Somos gente que trabalha: no público e no privado; em setores com muitas emissões de gases de efeitos estufa, ou em setores com poucas emissões; produzimos bens e serviços; também trabalhamos nos cuidados, em casa, na comunidade e na relação com os ecossistemas; somos precárias, por vezes com contrato, por vezes sem ele; ou temos emprego estável; nascemos em Portugal ou viemos de outros países; alternamos entre trabalho, desemprego, estudos e outras situações. Somos gente da classe trabalhadora em toda a sua amplitude e diversidade.
O que sabemos?
Que vivemos à beira do abismo; que a ciência nos diz que se ultrapassarmos um aumento de 1.5ºC na temperatura média da atmosfera ultrapassaremos um ponto de não retorno. A partir daí, o caos climático será irreversível, pondo em causa da vida de milhões de pessoas, a sobrevivência de ecossistemas e de muitas espécies ― inclusive a nossa. Sabemos também que é necessário e possível impedir este cenário. Para isso devemos atingir a neutralidade carbónica até 2030 em Portugal e contribuir para neutralidade carbónica global em 2050. Há conhecimento e tecnologia para o fazer, o problema está num sistema que coloca o lucro acima da vida.
Sabemos igualmente que a responsabilidade não é nossa. As grandes indústrias poluentes e os bancos que as financiam são as responsáveis. As potências globais que exploram recursos dos países do Sul são as responsáveis. Pelo que não é com cortes no emprego e nos salários que vamos evirar o colapso: é com cortes no lucro, na ganância e na exploração.
O que queremos?
Apoiamo-nos na ideia de transição justa e nas propostas que defendem empregos pelo clima. Opomo-nos a que continue tudo na mesma, mas também às falsas transições que encerram empresas, despedindo trabalhadores ― muitas vezes sem sequer ter impactos reais na redução de emissões.
Defendemos: que nenhum trabalhador deve perder direitos e emprego devido à transição; que as empresas devem garantir antecipadamente formação a todos os trabalhadores de setores emissores para facilitar uma transição para outros empregos; defendemos transportes públicos, com primazia da ferrovia; defendemos o investimento nas energias renováveis para substituir os combustíveis fósseis; defendemos a reabilitação das habitações, para poupar energia e evitar a pobreza energética; defendemos a redução da jornada de trabalho. Defendemos que tudo isto deve ser feito pelo setor público, com a participação de quem trabalha e das comunidades, criando milhares de novos empregos.
A Rede de Trabalhadores/as pelo Clima pretende dar protagonismo a quem trabalha, na luta contra o colapso climático. Não aceitamos a chantagem que nos obriga a escolher entre ter emprego ou ter um planeta para viver. Apoiaremos e divulgaremos as lutas por uma transição justa, apostando na ação e defesa de quem trabalha; apoiaremos e divulgaremos as lutas por empregos e direitos no trabalho, levando a elas a aposta de uma transição justa.